*Rangel Alves da Costa
Uma poesia de barro, ou o barro moldurando a
humildade, a pobreza, simplicidade do viver. As casas de taipa ainda são
avistadas por todo lugar, principalmente nas regiões mais remotas e empobrecidas.
Pensar em casa de taipa é avistar uma casinhola levantada no barro amarrado em
cipó. Estende-se ripa, amarra-se cipó, e o barro vai sendo colocado entre os
entrelaçados. Barro molhado, visguento, tanto se prende na mão como entre as
sustentações. Depois de seca, a argila firma-se até que o menino comece a
escavacar pelas beiradas. No barro novo, cheio de sustentação, é até bonito,
parecendo aconchegante. Mas sem cimento, pedra, viga de ferro, areia e brita,
não tem força suficiente para suportar as chuvaradas, o sol e a ventania. E por
isso mesmo envelhece e se fragiliza já com pouco tempo de habitação, ainda que
algumas se mantenham ilusoriamente imponentes. Nas distâncias nordestinas, em
áreas sertanejas desvalidas de tudo, as casas de taipa são encontradas de passo
a passo. Algumas muito antigas, parecendo feitas de barro cimentado, mas nada
que suporte uma aproximação para se constatar a deterioração por todo lugar.
Raramente vai além de ser apenas uma velha casinhola caindo aos pedaços. A casa
de taipa é o mesmo casebre, a mesma tapera. Tudo a mesma coisa. Ou o mesmo
nada. Pequena e rústica casa, pobre e tosca, sem conforto ou acomodações dignas
para os próprios habitantes. Tantas são avistadas em escombros e com viventes
entre os seus restos. Pois lá nas distâncias do mundo há um povo vivendo assim,
na desvalia.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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