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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

AMANTES, CASOS E RAPARIGAGENS (Crônica)

AMANTES, CASOS E RAPARIGAGENS

                                          Rangel Alves da Costa*



Acredite se quiser, mas nesse mundo de fiéis e pecadores se vê de tudo, seu moço. Seria preciso um dia inteirinho, ainda com um pedaço de lua e tiquinho do madrugar, para contar apenas um pedacinho de tanta coisa que existe espalhada por aí.
Nos tempos de antigamente, o velho que hoje é avô, tido como bem casado e honesto conjugalmente, botou o olho numa sirigaita e passou a ter uma sem-vergonhice com a dita por fora, às escondidas.
O filho do velho com a esposa legítima, único até, cresceu e casou com moça bonita, de boa família do lugar. Vivia muito feliz ao lado de sua senhora quando botou o olho numa mocinha que andava pelas pontas de rua. E passou a ter um caso com ela. Agora imagine de quem era filha. Exatamente da rapariga de seu pai, porém com outro amante.
Essa moça não se contentava com um só amante, sendo cama e safadeza para muitos dali. Teve filha de outro, mas ainda assim soube manter no seu lençol o seu amante primeiro, homem apaixonado demais. E eis que sua filha mais tarde foi ter a mesma sina da mãe e da avó, pois começou a raparigar e logo com homem casado.
Não vou nem fazer rodeios. O homem casado era exatamente filho daquele outro que mantinha um caso com sua mãe, que por sua vez era filho daquele velho que mantinha um amancebamento com sua avó. Quer dizer, já na terceira geração familiar e todos putiando com avó, filha e neta.
Mesmo que pareça haver aí um vestígio de irmandade entre amantes, verdade é que nenhuma das raparigas tinha o sangue do amante principal, que era o avô e o pai. Assim, a filha da velha não era irmã do filho do velho, nem o neto deste era consangüíneo de sua amante.
Ademais, nem o velho sabia do caso do filho com a filha da amante, nem o seu filho sabia do caso do seu filho com a filha de sua amante. Quer dizer, os homens de uma família eram amantes das mulheres de outra família, mas nenhum tinha muito conhecimento do caso do outro. 
Certo dia, o velho se achando ainda fogoso, no caminho da casa da avó encontrou a bonita neta desta (rapariga do neto) e quis dar uma de rapazinho e paquerar a mocinha. Safada a danada, sabendo que podia pegar dinheiro fácil do velho safado e só na enganação, deu corda à cantada dele.
E de repente o velho já estava ciente de que tinha um caso com a avó e a neta. Não sabia, contudo, que essa neta era quenga do seu neto. E fato estranho também ocorreu com este, que se engraçou do remelexo da mãe de sua quenga sem saber que a mesma era amante de seu pai.
Só faltava o filho do velho e pai do mais jovem se engraçar pela velha, que era mãe de sua amante e quenga de seu pai. Mas um dia, depois de tomar umas duas a mais, não sabe ao certo como, amanheceu debaixo dos lençóis da velha, todo cheirando aos vapores sexuais.
E agora, como seria se a verdade viesse à tona e todo mundo ficasse sabendo quem era amante de quem e quem traía e era traído por quem? Coisa difícil demais de se resolver. Então aconteceu o pior, pois depois de muito tempo essa conversa de raparigagem chegou aos ouvidos das mulheres da família dos homens.
A velha mãe ficou sabendo da safadeza do esposo com a velha quenga; a esposa do seu filho tomou conhecimento do caso dele com a outra zinha; e a mulher do rapaz mais moço foi informada que este mantinha uma relação extraconjugal com uma sicraninha assim e assim. Contudo, não sabiam que se tratava de uma neta, de uma mãe e uma avó, numa verdadeira linhagem de raparigagem.
Então as três da família dos homens se juntaram e resolveram dar um basta nessa história de uma vez por todas. Enraivecidamente reunidas, verdadeiramente prontas para uma guerra, decidiram começar a acabar com aquela safadeza toda pelo mais novo.
Nessa intenção, as três saíram juntas atrás da mocinha quenga do mais moço. Ao encontrá-la, prontamente ela foi dizendo que tinha um caso era com um velho. E disse o nome. A velha quase desmaia na hora, chegando a perder a voz por instantes.
Resolveram então ir atrás da amante do filho da velha e lá encontraram a mulher que prontamente negou o caso amoroso, mas afirmando como defesa que tinha um caso sim, mas era com sicrano, e disse o nome do neto da velha. Agora quem desmaiou foi a esposa deste, mas não sem antes prometer que o mataria.
Saíram dali e seguiram apavoradas até a casa da velha que seria amante do velho, e com a intenção de pegar o dito no flagrante e ele esclarecer de vez aquela história que a mocinha havia contado, dizendo que ele era amante dela. Além logicamente de ter de justificar o que fazia ali.
Entraram na porta sem bater e encontraram o filho da velha e do velho por cima da outra velha, rapariga de seu pai e agora dele também. Não demorou muito e o velho, tendo tomado conhecimento que as mulheres de sua família haviam seguido naquela direção, entrou porta adentro.
Assim que encontrou o filho debaixo dos lençóis e ao lado de sua velha amante, e sob os olhos espantados daquelas mulheres, não suportou a dramática cena e só teve mesmo tempo de colocar a mão no peito e cair já arroxeado, espumando. A velha amante e a velha esposa também não suportaram o momento e tiveram o mesmo destino. Morreram ali mesmo.
O filho do velho quando soube que o seu próprio filho o havia traído com sua amante, resolveu dar o troco e ter um caso com a rapariga dele, filha de sua traiçoeira amante. Mas já era tarde demais, pois as esposas dos dois já haviam preparado duas taças de vinho com estricnina.
E depois as duas cuidaram de arranjar amantes, sem saber que o amante de uma era também amante da outra. E por aí vai...


Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
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