*Rangel Alves da Costa
Não sei nem o dia nem a hora que vou partir,
mas partirei. Oh triste sina de nascer para um adeus. Por isso mesmo acredito
que a vida é uma ilusão desmerecida ao ser humano. Este deveria ao menos não
ser surpreendido pelo destino fatal. Mas assim mesmo. Não deixarei testamento
nem escrito sobre o que desejo que façam comigo após o último fechar de olhos.
Mas quero ser velado apenas pelo silêncio e pela solidão. Ora, foram fiéis
companheiros no percurso da existência. Em ambiente escurecido, com a porta
sempre aberta para o vento soprar, apenas uma vela acesa num canto qualquer.
Não quero flores, não quero lágrimas, não quero palavras mentirosas. Ele foi
bom, ele foi isso, ele foi aquilo. Que se esqueçam de tudo, do que fui e do que
deixei de ser. E acaso uma ventania me leve ao abrigo final, que a mesma
ventania faça uma cruz de pedaço rústico de pau, onde a mão do tempo deixará a
verdade em epitáfio: e agora na eternidade do silêncio e da solidão...
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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