*Rangel Alves da Costa
Somos a flor e o espinho. Belos, sensíveis,
encantadores, mas também ferinos, vorazes, ferozes. Somos a brandura da brisa
boa e o açoite do redemoinho. Ternos, suaves, aconchegantes, mas também
devastadores, perigosos, traiçoeiros. Somos a paz e a fúria. Meigos, afetuosos,
carinhosos, mas também a rebeldia, a arrogância, a covardia. Somos o dia em sol
e a noite apenas negra. Iluminados, radiantes, vivazes, mas também reclusos,
sombreados, acorrentados em nós mesmos. Somos a mansidão do espelho do rio e os
escondidos traiçoeiros das profundezas. Leves, brandos, afáveis, mas também
mortais, violentos, bárbaros. Somos o silêncio e o grito. A meditação, o
pensamento, a memória, mas também o embrutecimento, o rompante, a estupidez. Somos
a luz e as trevas. Devotos, crentes, adoradores, mas também distanciados da fé,
desafetos aos ensinamentos, discordantes de tudo o que seja sagrado. Somos a
alegria e a tristeza. A canção, o sorriso, o contentamento, mas também a
lágrima, a dor, o sofrimento. Somos sempre assim. Contudo, difícil é saber a
face que nos envolve a cada momento.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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