*Rangel Alves da Costa
Por mais sólidas que sejam as estruturas, por
mais que sejam impenetráveis os portões e as portas, por mais que seja
impossível alcançar os interiores e dependências, nada disso impede que os
redemoinhos da existência a tudo destruam. Ora, tudo não passa de casa de
vidro. Casa de papel manteiga, casa de asas de borboleta. O ser humano, a
pessoa humana, não passa de uma casa de vento. Sim, é cálice frágil, é asa de
borboleta, é folha de outono, é uma poeira ao espaço, mas principalmente é
vento. E vento este cuja força sempre está na dependência e predisposição da
força humana. Quanto maior a fragilidade na pessoa maior será o poder de
transformação do vento em ventania, em vendaval, em redemoinho. Enquanto casa
de vento, o ser humano pode abrir suas portas sem que sinta ameaçado por
redemoinhos. Não há fúria de vento que não passe além e deixe intacto aquele
que se reforçou intimamente de tal modo que jamais estará de corpo aberto para
os acasos. Mesmo casa de vento, a pessoa estará imune aos vendavais toda vez
que se encontrar mais preparado que a fúria mais repentina. Mas preciso será
que o ser humano seja mais forte que o vento. Mas o que geralmente se tem é que
uma simples brisa, um sopro de nada, já transforma tudo em folha seca, levando
ao longe, ao além...
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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