*Rangel Alves da Costa
“Seu moço eu nem te conto cuma tudo
aconteceu. E num conto pruquê difici demai de aquerditá. Mai ansim mermo vou
dizê um bocadim. Era boca da noite quano eu vi uma luz alumiano pra banda
daquele arto. Na hora nem pude imaginar o que era. Ora, seu moço, cuma posso
diferençar logo uma luz alumiano tom forte no breu da noite? Quano me dei conta
já vi uns homi diferente atrais de eu. Cada um artão, cum os oio pareceno
faiscano. Falr num falava não, apena eu ouvia uma coisa estranha saino como um
dizer. Eles oiaram pa eu de riba a baixo, mandaro eu me virar de lado, de
costa, e adespoi balançaro a cabeça, cuma tava dizeno não. Entonce o pió aconteceu.
Minha muiá, menina nova, apareceu pela porta com roupa apretadinha, chega
mostrava as anca. Num sei pruquê mai eles se animaro na hora. Mai adespoi acunteceu
uma coisa que foi de me cortá o coração. Minha muié foi puxada e levada, sumino
cum eles. O pió que a danadinha inté parecia sastifeita e sorrino quano sumiu
pelo meio do mato. Adespoi a luz sumiu, ouvi um barulhão, gritei pela muié, mai
nada dela aparecer. Hoje vivo só de arecordação de minha Tuquinha, que tina
umas anca larga e o resto todo bom. E eu aqui oiano pro arto dia e noite que é
pa ver se ela é jogada de riba”.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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