*Rangel Alves da Costa
Um gato preto e uma noite negra. Um felino no
negrume e um noturno de escuridão. Na noite retinta, sem lua, sem estrelas, sem
nenhuma luz no espaço, talvez nem o gato nem a noite sejam avistados, apenas a
cortina de breu. Mas tudo muda se o gato abrir os olhos. Tudo muda se o gato,
de repente, fizer faiscar seu olhar em meio ao noite. Tudo muda mesmo. Apenas
um gato, mas muito mais o medo, o pavor, o espanto, o assombro. Mas, e se a
noite também abrir os seus olhos, o que acontecerá? A noite não tem olhos que
abram e que fechem, que brilhem ou lacrimejem, mas pode passar uma sensação
muito mais vívida e terrificante. Mas tudo na dependência do olhar e da
imaginação do homem. O homem não avista o gato negro na noite escura, mas
divisa com exatidão seu olhar fulgurante. O homem não avista os olhos da noite,
mas insiste em dizer que avistou muito mais. Fantasmas, assombrações, bichos,
tudo surgindo pelos olhos da noite. Existe apenas um gato negro na noite negra,
mas o homem sempre avista o que seu medo deseje encontrar. E encontra.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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