Aflição
Bicho arriba
da ribanceira do ribeirão
não tem mais lama
não se bebe a sequidão
se muge no tempo
sem haver consolação
vou fazer uma promessa
sei mais que rezar oração
acendo vela na nuvem
pra chover no sertão...
catingueira torta
parecendo árvore morta
não vi o velório da mata
mas vi tristeza que corta
o coração que se maltrata
a chorar de revolta
vou fazer uma penitência
vou ajoelhar pelo chão
sentir o espinho na pele
sacrifício e devoção...
menino não chore não
amanhã será outro dia
coma esse resto de pão
esqueça tanta agonia
logo se ouvirá um trovão
na chuva que se anuncia
vou abrir meu oratório
preciso do São José
pela estrada em ofertório
vou carregar a minha fé...
Rangel Alves da Costa
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