*Rangel Alves da Costa
Fruta
podre apodrece toda a fruteira, diz a sabedoria popular. O mal deve ser
extirpado de onde ele surja para salvar o restante. É uma questão de extirpar o
imprestável para salvar o que ainda tenha valia.
O que não
nos anima, também não nos alegra e não nos contenta, deve ser afastado em nome
do prazer pela vida. O viver não suporta ser dividido com metade de dor e outra
metade de sofrimento.
Por que
continuar aceitando o convívio com a erva daninha, com o imprestável, com o que
ao invés de florescer e frutificar se presta apenas a definhar a existência?
Será preciso separar o joio do trigo.
Por que continuar
alimentando o mal no compartilhamento daquilo que não se presta a nada de bom? O
mal compartilhado é mal que vai se enraizando ainda mais.
Pessoas
que fazem sofrer, que são negativas, que exalam odores de impurezas de
espírito, que atrasam a caminhada ao que seja bom e vão levando aos beirais do
abismo, estas não possuem serventia alguma.
E
conhecemos muita gente assim, convivemos e suportamos muita gente assim. Mas
vale a pena continuar negativando a si mesmo pelo lado sempre negro do outro?
Vale a
pena deixar de caminhar, de ser feliz, de cantar e voar, apenas por que não
quer deixar para trás aquilo que tudo faz para a sua infelicidade?
Vale a
pena continuar segurando a mão de quem deseja lhe afundar para depois alcançar
saída subindo nas suas costas?
Ou, como
diz ainda a lição popular, vale a pena querer transformar em flor aquilo que
nasceu para ser eternamente pedra?
Vale a
pena abrir portas e janelas a quem se compraz em viver na escuridão e ao breu
também levar todo aquele que lhe queira ajudar?
Pau que
nasce torto, no encurvamento total morrerá. Defeito de fábrica não se conserta
com a cola da paciência nem com o desejo de ajudar.
Infelizmente
há gente que nasceu para o lado negativo da vida e vive sentindo prazer em
trilhar para o mal, para a imprestabilidade, para fazer somente o que não
presta.
Sente
orgulho em ferir, sente prazer em menosprezar, sente conforto em arruinar. Há
muita gente assim, uma gente de plena falsidade, de plena maldade, de plenitude
da imprestabilidade.
Pessoas
que olham querendo envenenar, que tocam querendo apunhalar, que falam querendo
destruir. Pessoas que são inimigas enquanto revestidas de sorrisos, abraços e
palavras. Tudo falsidade.
Vale a
pena compartilhar a já tão difícil existência com pessoas assim? Creio que não.
E não vale pelo fato de a pessoa ter de escolher os caminhos que sigam adiante,
e não aqueles que recuem ou possam levar ao abismo.
Por mais
que doa, por mais que surja algum sofrimento, o afastamento de tais pessoas
torna-se tão necessário como urgente.
Ou a
pessoa se afasta ou continuará comendo do mesmo farelo, do mesmo esterco, do
mesmo esgoto. Quem com porcos se mistura, um dia vai exalar a mesma putrefação
do chiqueiro.
Ou a
pessoa se afasta ou logo já será tarde demais para salvar o que lhe resta de
honradez e prazer pela vida. E fugir do submerso para a superfície, do abismo
para a luz.
Urge,
pois, uma limpeza geral. E tanto moral como espiritual. Que o mal continue se
alimentando de sua própria maldade e que no abandono e na dor se destrua.
Mas
distante - e bem distante - de quem já abriu a porta para os bons e ensolarados
caminhos da vida.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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