*Rangel Alves da Costa
Eu pensei que tinha muito tempo e muito tempo
pra tudo. Muito deixei de fazer por deixar pra depois. Mas depois não havia
mais tempo. Fui postergando, deixando pra depois, pra mais tarde, mas de
repente já não podia mais fazer. Tantos planos e sonhos, tantas esperanças e
até certezas de realização, tantas linhas traçadas e caminhos a ser
percorridos, mas nada. Ainda não fui à lua, ainda não enriqueci, ainda não
comprei um carro importado, ainda não adquiri uma mansão, ainda não tenho casa
de praia nem em lugar algum. Mas tudo isso já era para ter acontecido há muito.
Fui deixando, deixando, e agora me vejo quase na impossibilidade. Alguma coisa
eu consegui, é verdade, pois me formei, aprendi a seguir sempre em frente,
abdiquei de vez da criancice. Outras coisas, contudo, jamais consegui. O que
mais me dói é jamais ter encontrado um amor verdadeiro, alguém que eu dissesse que
valeu a pena esperar. Só encontrei sopros, ventanias, futilidades. E também não
quero mais arriscar em nome de sonho. Não tenho mais tempo para ilusões.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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