SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sábado, 8 de dezembro de 2018

Palavra Solta – tempo perdido



*Rangel Alves da Costa


Eu pensei que tinha muito tempo e muito tempo pra tudo. Muito deixei de fazer por deixar pra depois. Mas depois não havia mais tempo. Fui postergando, deixando pra depois, pra mais tarde, mas de repente já não podia mais fazer. Tantos planos e sonhos, tantas esperanças e até certezas de realização, tantas linhas traçadas e caminhos a ser percorridos, mas nada. Ainda não fui à lua, ainda não enriqueci, ainda não comprei um carro importado, ainda não adquiri uma mansão, ainda não tenho casa de praia nem em lugar algum. Mas tudo isso já era para ter acontecido há muito. Fui deixando, deixando, e agora me vejo quase na impossibilidade. Alguma coisa eu consegui, é verdade, pois me formei, aprendi a seguir sempre em frente, abdiquei de vez da criancice. Outras coisas, contudo, jamais consegui. O que mais me dói é jamais ter encontrado um amor verdadeiro, alguém que eu dissesse que valeu a pena esperar. Só encontrei sopros, ventanias, futilidades. E também não quero mais arriscar em nome de sonho. Não tenho mais tempo para ilusões.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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