*Rangel Alves da Costa
Somente homem mija em pé. É assim que
costumeiramente se diz. Acaso o homem urine de cócoras logo vem a galhofa: é
mulherzinha, é mulherzinha! Mas minha tia mijava em pé e não estava nem aí.
Aliás, nem se escondia pra deixar o mijo descer. Logicamente que eu achava
aquilo tudo muito estranho. Mais de vez fiquei me perguntando o por quê de ela
fazer assim, principalmente porque eu pensava que toda mulher só urinava
acocorada, fosse no urinol, no vaso sanitário ou mesmo no matinho. Contudo,
minha tia insistia em quebrar toda lógica e toda regra. Não era sapatona, como
se diz. Também não possuía qualquer problema nas juntas que dificultasse o
acocoramento. Certamente nunca havia recebido bote de cobra enquanto fazia o
serviço no meio do mato. E mais: já envelhecida e continuando a mijar em pé.
Bastava se afastar um pouco, chegar num canto de quintal e começar a mijar.
Certamente não usava nada por baixo. Uma coisa é certa, nunca balançou nada
depois de urinar. Apenas mijava em pé e pronto. Ainda hoje, já depois de mais
de dez anos de seu falecimento, eu ainda a recordo no canto da cerca. E o mijo
desabando até molhar o chão.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário