*Rangel Alves da Costa
Ouço ecoar a canção de Alceu Valença: “A
solidão é fera, a solidão devora. É amiga das horas prima irmã do tempo. E faz
nossos relógios caminharem lentos, causando um descompasso no meu coração. A
solidão dos astros. A solidão da lua. A solidão da noite. A solidão da rua...”.
Solidões de sóis sertanejos por detrás das portas e janelas dos casebres
tristes. Naquilo onde havia vidas e afazeres, nas malhadas onde havia bichos e
correrias, nos quintais onde havia varais e canções, agora somente o silêncio
desolador e as ausências sem despedidas. Solidões que avançam pelos caminhos
empoeirados, que correm apressadas pelas veredas de espinhos ressequidos, que
abrem cancelas e tomam como suas as vidas e os sonhos. E tudo fazem para que o
homem e o bicho se prostrem por cima da terra seca à espera dos urubus,
carcarás e gaviões. Solidão e solidões em tudo e por todo lugar. Na terra nua,
na pedra esquecida no meio do tempo, no curral sem bicho e sem vida, na cancela
que já não range mais, na porteira que silenciou o seu bater, na porta e na
janela fechados, na vassoura esquecida num canto, no cesto de juntar palma
cortada. Solidão tão minha, e como estou agora.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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