*Rangel Alves da Costa
No sertão tudo mudou. Onde havia forró, agora
só há música de péssima qualidade. Não há mais lombo de bicho como meio de
transporte nem carro-de-bois rangendo pelas estradas. Agora só carro e moto. O
progresso e a chegada da energia elétrica, eis que findaram por acabar também
com os candeeiros, as lamparinas, os bicos de gás. Não há mais mercearia de
tufo de bacalhau no balcão nem mortadela da boa descendo da cumeeira. Não há
mais a vendedora de piaba passando em gritaria. Não há mais vendinha de quilo
disso e quilo daquilo. Tudo no mercadinho, na frutaria, no grande comércio. Não
há viola de pinho nem cavaco afiado. Não há moça sonhadora à janela nem
rapazote donzelo. Tudo já dá o que tem que dar logo cedo. Não há mais beatas
nem moças velhas fazendo orações. Não há mais sinos tocando nem procissões
rotineiras. É outro sertão. O sertão do modismo, do consumismo, da violência e
das drogas. Até mesmo a lua some de vez em quando. Tudo tão triste e tudo,
menos sertão.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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