*Rangel Alves da Costa
Opto, quero, sempre desejo o silêncio. E não
somente em mim, pois nos outros também. Já fui muito amigo da palavra, do
qualquer dizer, e até do grito. Contudo, eis que fui percebendo que o som vai
se tornando desnecessário à medida que se torna em mera palavra, num dizer
qualquer, numa voz desmedida. De repente, o verbo se torna agressão, ameaça,
injúria. De repente, a palavra vai além da conta para se tornar em faca afiada
ou punhal sedento. E no silêncio não. O silêncio é a palavra não dita, é o
pensamento calado, é o verbo em reflexão. No silêncio o encontro pessoal,
interior, intimista. No silêncio o diálogo profundo com as profundezas da alma.
Há no silêncio um toque de paraíso, de céu, de firmamento. Um coro de anjo, um
verbo sagrado, uma meditação. E mais que a voz eu tenho o olhar. Enquanto a
boca cala, o olhar simplesmente diz tudo. E sem ferir, sem magoar, sem arrancar
pedaço de ninguém.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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