*Rangel Alves da Costa
Silencioso demais, um tanto cabisbaixo ao
mundo, de repente me vejo como aquele velho sertanejo que pinica fumo no tronco
da malhada. Calado, pensativo, mais intrigado por dentro do que por fora. Ou
mesmo como aquela velha senhora lavando roupa no quintal e depois estendendo
panos no varal. Melancólica, meditativa, mais apreensiva por dentro do que por
fora. Instantes assim que se assemelham aos meus instantes de agora. Uma
vontade danada de juntar o que tenho num embornal e partir. Uma vontade danada
de subir na copa da árvore e por lá fazer ninho. Cansei de estar estendido em
varal esperando a ventania. Cansei de ser cadeira de calçada que se embala
sozinha. Ouço palavras, mas não tenho voz. Vejo as pessoas, mas não encontro
ninguém. Sinto a mesma dor do menino Zezé quando cortaram seu pé de laranja
lima. Só que cortaram o meu mundo, o meu viver.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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