*Rangel Alves da Costa
No meu tempo de criança, o monturo geralmente
ficava além dos quintais, depois dos cercados. Era local onde as coisas velhas
e imprestáveis eram jogadas ao sabor do tempo. E assim por que não havia coleta
de lixo. Tudo que ia se acumulando, ou era levado em carroças para as
distâncias ou ia para a fogueira grande. Contudo, as pequenas velharias eram
lançadas ao monturo mesmo. Esse hábito descuidado só passou a tomar outro rumo
quando os moradores passaram a perceber que os animais domésticos faziam dos
monturos verdadeiro lar, até comendo plásticos e outras coisas intragáveis. Aos
poucos, os monturos foram sumindo, mas os quintais também. Atualmente é raro
encontrar um quintal como nos tempos idos. Não há mais mangueira nem goiabeira
de quintal. Não há mais horta nem pia de lavar roupa daquelas antigas. Hoje
apenas os muros e os cimentos. E mais adiante, por trás de tudo, ou a
construção cheia de ferro e feiura ou o deserto e sua desolação.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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