SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Palavra Solta – monturo



*Rangel Alves da Costa


No meu tempo de criança, o monturo geralmente ficava além dos quintais, depois dos cercados. Era local onde as coisas velhas e imprestáveis eram jogadas ao sabor do tempo. E assim por que não havia coleta de lixo. Tudo que ia se acumulando, ou era levado em carroças para as distâncias ou ia para a fogueira grande. Contudo, as pequenas velharias eram lançadas ao monturo mesmo. Esse hábito descuidado só passou a tomar outro rumo quando os moradores passaram a perceber que os animais domésticos faziam dos monturos verdadeiro lar, até comendo plásticos e outras coisas intragáveis. Aos poucos, os monturos foram sumindo, mas os quintais também. Atualmente é raro encontrar um quintal como nos tempos idos. Não há mais mangueira nem goiabeira de quintal. Não há mais horta nem pia de lavar roupa daquelas antigas. Hoje apenas os muros e os cimentos. E mais adiante, por trás de tudo, ou a construção cheia de ferro e feiura ou o deserto e sua desolação.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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