*Rangel Alves da Costa
Tem de tudo no sertão, principalmente pragas.
A chuva nunca chega, mas o que não presta sempre está dando sinal de presença,
infelizmente. Agora mesmo, sem um pingo d’água caindo de riba e com um calor de
todos os sóis, o sertanejo ainda tem de suportar um mundo de muriçocas. Até
pelo dia elas estão presentes e atazanando a vida de todo mundo, mas quando a
noite cai então fica tudo insuportável. Milhões de muriçocas por metro
quadrado, e não há mosquiteiro que dê jeito, não há roupa que dê jeito, não há
repelente que dê jeito. E quando elas chuparem todo o sangue e se forem, logo
chegará a temporada das moscas. Basta a proximidade da Semana Santa e elas
chegam em arrebatadora profusão. E depois os grilos, e não aqueles que
cricrilam nos ocos dos paus e ninguém nunca sabe de onde vem a insuportável
cantiga, mas outros que vão invadindo as residências sem piedade. São uma
espécie de cascudos voadores que não só ferem a pele como roem os panos
guardados, eis que se entocam também por todo lugar. Parece profecia que assim
aconteça. Não bastasse o sofrimento já suportado pelo povo no seu dia a dia,
ainda tem que amargar as dores e sofrimentos de pragas impiedosas.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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