SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 10 de fevereiro de 2019

Palavra Solta - sertão, muriçocas, moscas e grilos



*Rangel Alves da Costa


Tem de tudo no sertão, principalmente pragas. A chuva nunca chega, mas o que não presta sempre está dando sinal de presença, infelizmente. Agora mesmo, sem um pingo d’água caindo de riba e com um calor de todos os sóis, o sertanejo ainda tem de suportar um mundo de muriçocas. Até pelo dia elas estão presentes e atazanando a vida de todo mundo, mas quando a noite cai então fica tudo insuportável. Milhões de muriçocas por metro quadrado, e não há mosquiteiro que dê jeito, não há roupa que dê jeito, não há repelente que dê jeito. E quando elas chuparem todo o sangue e se forem, logo chegará a temporada das moscas. Basta a proximidade da Semana Santa e elas chegam em arrebatadora profusão. E depois os grilos, e não aqueles que cricrilam nos ocos dos paus e ninguém nunca sabe de onde vem a insuportável cantiga, mas outros que vão invadindo as residências sem piedade. São uma espécie de cascudos voadores que não só ferem a pele como roem os panos guardados, eis que se entocam também por todo lugar. Parece profecia que assim aconteça. Não bastasse o sofrimento já suportado pelo povo no seu dia a dia, ainda tem que amargar as dores e sofrimentos de pragas impiedosas.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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