Rangel Alves da Costa*
Estava vasculhando a internet e encontrei um dessas provocações desavergonhadas, com uma foto de uma mocinha bonita e sexy dizendo que ali estava uma gata com alma de cadela. Depois imaginei a grande verdade contida na frase: realmente existem mulheres que fazem tudo para se tornar cadelas.
Por outro lado, duvido que mulher séria, bem comportada, que se respeita e se preserva, tem o seu nome e sua honra a zelar, vá facilmente fazer parte do reino dos animais ditos irracionais. O escudo da personalidade é tão forte que só o amor verdadeiro há de romper.
Mulher sempre será mulher e bicho nunca passará de bicho. Ao menos é essa a lógica das coisas e da natureza. Contudo, o que se observa é uma inversão tamanha nos valores comportamentais que aquilo que é de uma forma tende a se transformar. Quer dizer, desconhece a força do amor próprio e vai, muitas vezes conscientemente, se afundar no lamaçal da primeira pocilga que encontrar.
Quero ser induvidoso. E também mais direto o que for possível. O que pretendo deixar claro é que determinadas mulheres, pela desonra que trazem a si mesmas, pelos desnorteamentos que vão procurando e pelas atitudes incabidas e imorais com que se pautam, passam a ser qualificadas pejorativamente como animais desavergonhados.
Infelizmente – e fato que não se pode negar -, mulheres que não têm mais pudor, honra corporal nem sexual, dignidade social e familiar, tendem a se animalizar. E com promíscua animalização. E é nesse passo de inglória feminina que terceiros aproveitadores começam a zombar dizendo que primeiro se passaram por gatas e depois se transformaram em cachorras.
Quer dizer, atraentes e apetitosas, sutis e felinas, manhosamente ariscas, se tornam verdadeiras gatinhas. Mas o cio de todo dia, a incontida afloração sexual e a prática do sexo pelo sexo, como rotina e comércio, num jogo de falso e desenfreado prazer, vai tirando as feições ainda femininas para transformá-las em verdadeiras cadelas. Assim, depois do miado vem o latido. E depois disso o silêncio absoluto pela rápida extinção.
A extinção, contudo, não quer significar que a matilha vá desaparecer, que a prostituição vá deixar de existir, que não haverá mais brincadeira de corpo nem de sexo, mas pelo fato de que estas possuem carreira e validade tão curtas que de repente não existem mais, nem para si mesmas nem para a sociedade. É a lógica e cruel consequência do se entregar a qualquer um numa volúpia messalinesca.
Assim, a mocinha que pensa que é gata, uma benevolente felina, e quando nem sente já está no grupo dos canídeos, então já está prestes a dar seus últimos latidos. Cachorro animal é respeitado, alimentado, recebe carinho e proteção, mas com mulher cadela é diferente. Depois que a beleza começa a murchar e não provocar mais apetite em ninguém, então será vira-lata abandonada.
Ainda que afirmem que tais assertivas são exageradas, insisto em dizer que se num passado recente o cio animalesco não era tão visível, de uns tempos para cá, quando a vergonha declaradamente cedeu o lugar à promiscuidade e a valorização pessoal perdeu a vez para a desonra, o que se tem são verdadeiros cantis com cadelas mostrando caninos sorridentes e focinhos pintados da mais abjeta cor.
Ladram, latem, se coçam, avançam, atacam, soltam todos os seus impulsos querendo sempre mais de qualquer um. Famintas, sedentas, gulosas, saem farejando calcanhares e acabam cada vez mais cachorras em qualquer lugar. Nas esquinas, nos becos, nos quartos putrefatos, nos automóveis, nos motéis, no meio da rua, por cima dos bancos das praças ou embaixo de marquises, em qualquer lugar estará a cama perfeita para a cadela se deixar possuir.
Por isso é preciso muito cuidado ao querer jogar pedras, chutar, maltratar, oferecer chumbinho a uma cadela vira-lata que perambule abandonada pelas ruas ou esteja recolhida aos seus becos de solidão. Ali poderá estar uma pessoa. E do jeito que se alastram a promiscuidade e a prostituição de grife, certamente serão muitas assim mais tarde.
E será preciso reconhecer um cantil chamado nova e inovadora sociedade.
Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
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