Rangel Alves da Costa*
Estou autorizado a escrever somente as iniciais do nome verdadeiro, por isso mesmo cito apenas V.O.C.E.
Talvez V.O.C.E. fossem as primeiras letras do nome de Vânia Oliveira Castro Espinheira, de Vanderlei Olímpio Carvalho Estrela ou de Vera Ondina Castelo Esteles. Mas a verdade é que vou escrever sobre V.O.C.E. sem saber o nome exato.
Digo de antemão que V.O.C.E. está grafado assim não porque esteja nos tribunais com processo correndo em segredo de justiça, que seja menor acusado da prática de alguma infração ou que seja pessoa tão perigosa que as autoridades não querem fazer conhecer seu nome completo. Pelo contrário, V.O.C.E. é pessoa honesta e honrada, ao menos para V.O.C.E.
Quanto a isso não confie nos outros não, pois sua fama não é lá das melhores perante aqueles que dizem ser seus amigos. Daí logo perceber que não pode nem deve confiar em certas pessoas que estão ao seu lado se fingindo de amigas e boazinhas, mas que no fundo não pensam noutra coisa senão lhe dar uma rasteira.
Feito o alerta, então passaremos a tratar sobre a sua vida, sobre quem é V.O.C.E. Se depois do que for biografado surgir alguma semelhança com você, então talvez tenha sido mera coincidência. Mas disse talvez porque essa pessoa, esse V.O.C.E., também pode ser você. E não duvido que não, pois apenas sei o que fez e o que faz, porém nunca vi o seu rosto. Nem precisava, pois o rosto de uma pessoa muda a cada instante perante aquele que vê.
V.O.C.E. nasceu em família pobre, com muitas problemas de sobrevivência. Teve dificuldades para começar a estudar e sempre esteve matriculado em escola pública. Seguia a pé para o estudo e também para o trabalho, quando conseguiu um emprego numa fábrica. Daí em diante, se esforçando sempre e tentando vencer os desafios surgidos, foi conseguindo um lugar ao sol.
Ora, mas isso não quer dizer nada, pois tudo mundo que sobe na vida conta a mesma história. Ninguém, principalmente se for político, abre a boca pra dizer que nasceu rico, que nunca lhe faltou nada, que sempre viveu na esbórnia. Tem que ter nascido pobre, ter comido o pão que o diabo amassou, senão não tem graça nenhuma que os outros saibam de sua vida.
Pois bem, para o bem ou para o mal, é este parte do percurso da vida de V.O.C.E. Após esses primeiros passos difíceis na vida, já adentrando completamente na fase adulta, então é que tudo se torna um labirinto.
O problema maior é que V.O.C.E. sempre procurou estabelecer retalhos sobre a sua vida. Quer dizer, aquilo que lhe eleva, se traduz em grandes atos e atitudes, passa uma ideia de dignidade e moralidade acima de tudo, é mostrado como se fosse sua característica principal.
E todo mundo sabe que não é, principalmente V.O.C.E. Ao esconder tantas verdades abjetas, desmoralizantes e vergonhosas, V.O.C.E. acha que vai viver sempre na frente do palco que idealizou. Ora, ninguém consegue esconder o passado nem as ações presentes, e tanto o ontem como o hoje testemunham de sua normalidade negativa. E o que seria normalidade negativa.
Esta é precisamente aquilo que todo mundo é e faz tudo para não ser ou demonstrar. E todo normal negativo, igualmente a V.O.C.E., não tem nada de santo, de honestidade acima de tudo, de moral exacerbada. É também chegado a uma inverdade, gosta de fofoca, de falar mal da vida dos outros, pouco está se importando com o próximo, tanto faz como tanto fez muitas coisas da vida.
Uma coisa é certa: em V.O.C.E. moram duas pessoas distintas, dois lados no mesmo ser. Um que sofre por não querer ser e viver como é, mostrando ao mundo as forças e as fraquezas humanas; e outro que está presente em cima daquilo que pensa que é. Este se sustentará naquilo que não é até ser destruído por aquilo que é. Se conseguir, se a vaidade e o egoísmo deixarem.
Diante de tanta contradição, talvez V.O.C.E. não exista. E se existir pode ser qualquer um, até eu ou você.
Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
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