Poema para ler no mato
É verso, é poema, é canto
mas não está escrito
numa folha de papel
apenas com verso avistado
no leito do rio adiante
na mataria verdejante
nas asas dos passarinhos
no gorjeado dos ninhos
no murmúrio das folhagens
no cansaço das viagens
no casebre no caminho
no grão abrindo sozinho
no horizonte azulado
no cachorro acanhado
na estrada de chão batido
no peito tão dolorido
na porteira velha do curral
na crença sem ter igual
no silêncio da montanha
na valentia e tanta sanha
nas lembranças e recordações
nas rezas e nos sermões
nos sóis e luas surgindo
no dia que vem se abrindo
para dar luz ao olhar
para fazer meditar
encantado com o poema
que não conhece dilema
ai se eu fosse poeta
poeta de não escrever assim
versejando no papel
mas um bardo da natureza
na letra da nuvem e do céu
um poeta de pés descalço
na vida um menestrel.
Rangel Alves da Costa
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