*Rangel Alves da Costa
A rede de dormir, se de solteiro, é
induvidosa: ali deita um solitário. Ao menos quando ela toma o lugar da cama e
a pessoa deita e dorme nele todas as noites, e dia após dia, ano após ano. É o
meu caso. Desde os doze ou treze anos que aprendi a gostar de rede para depois
não mais desaprender. Todas as noites, é nela que deito e levanto. E falo da
solidão pela absoluta certeza de que ao lado não há mais ninguém. A cama deixa um
espaço vazio, onde a mão que procura nada encontra, onde o corpo que procura
nada encontra. Não há ilusão que ali deveria estar outra pessoa. Na rede é
diferente. A pessoa deita e pronto. Sem que caiba ninguém ao lado, a solidão
fica evidente e induvidosa. Não há espaço para saudades ou para buscas. Ali se
deita e ali se dorme na solidão. Sempre.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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