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segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Palavra Solta - a rede de dormir e a solidão enredada



*Rangel Alves da Costa


A rede de dormir, se de solteiro, é induvidosa: ali deita um solitário. Ao menos quando ela toma o lugar da cama e a pessoa deita e dorme nele todas as noites, e dia após dia, ano após ano. É o meu caso. Desde os doze ou treze anos que aprendi a gostar de rede para depois não mais desaprender. Todas as noites, é nela que deito e levanto. E falo da solidão pela absoluta certeza de que ao lado não há mais ninguém. A cama deixa um espaço vazio, onde a mão que procura nada encontra, onde o corpo que procura nada encontra. Não há ilusão que ali deveria estar outra pessoa. Na rede é diferente. A pessoa deita e pronto. Sem que caiba ninguém ao lado, a solidão fica evidente e induvidosa. Não há espaço para saudades ou para buscas. Ali se deita e ali se dorme na solidão. Sempre.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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