Da saudade que dá
Toda vez que o galo cantava
eu abria de vez os olhos
e comia a manhã com café
toda vez que o gado berrava
eu corria a cortar palma
ajeitar o cesto e chiqueirar
toda vez que o cachorro latia
eu olhava ao longe a cancela
para avistar o visitante a galope
toda vez que o passarinho chegava
eu olhava o triste entardecer
e sabia que ia sofrer de saudade
toda vez que a mata silenciava
eu sentia a lua mansa chegando
para me ouvir dedilhar a viola
toda vez que eu cantava
numa voz chamando por ela
a noite mais e mais se entristecia
e toda vez eu chorava tanto
que a natureza tecia um veu
para enxugar meu triste pranto.
Rangel Alves da Costa
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