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quarta-feira, 20 de março de 2019

AS CRIANÇAS SERTANEJAS E ESSES ESTRANHOS NOMES DE AGORA



*Rangel Alves da Costa


Os pais colocam os nomes que desejam nos seus filhos (logicamente se o cartório aceitar, vez que há regras legais para tal).
Como diz o ditado, os filhos são seus e ninguém pode dizer se estão errados ou não em dar o nome que bem entenderem.
Mas me sinto, sim, no direito de dizer que estão errados sim, e muito. Ora, sou sertanejo e sei muito o quanto os estrangeirismos interferem na identidade de um povo.
E dessa feita trago o descontentamento sempre lançado pelo saudoso mestre Ariano Suassuna na preferência do uso de estrangeirismos em lugar da nomenclatura nacional.
Dizia o mestre que nada de “coffee-break”, e sim pausa para um café, para um lanche. Nada de “self-service”, e sim servir-se com a própria mão. Nada de “delivery”, e sim entregar a comida.
Citei Suassuna exatamente para me intrometer na vida desses pais que, muitas vezes, não sabem sequer escrever ou pronunciar o nome dos filhos, mas acham bonito o “ingreisamento” ou o estrangeirismo modista.
Não exemplificarei com nomes (até porque não os sei escrever), mas digo e afirmo ser totalmente descabido e desnecessário se trocar um João por um nome que quebra a língua na pronúncia.
Da mesma forma, trocar uma Maria por um nome com letras ao contrário ou letras se multiplicando apenas para efeito de absolutamente nada.
Ademais, os pais são brasileiros (nordestinos, sertanejos), os filhos são igualmente nativos, e então por que jogar na criança um nome que só vai dificultar sua vida.
Como é o seu nome? Pergunta alguém. “É assim, mas se escreve assim e na fala fica assim”. Então diz um nome estapafúrdio.
A criança, que já tem dificuldade de aprender perante a educação atual, pode até passar muitos anos com dificuldade de escrever corretamente o próprio nome.
“Não, professora, tem dois “nê”, dois “lê” e também um “si” no final, é que eu me esqueci”. Culpa de quem? Logicamente dos pais.
Há coisa mais bela que se chamar alguém de Pedro, José, Antônio, Josefa, Lurdes, Joana, Lucas, Paulo, Edson, Lúcia, Vera?
Nomes simples, nossos e muito mais cativantes e belos que esses estrangeirismos surgidos a cada dia. E por que tem de ser Slauttss ou Kristtsalls dos Santos?
Mas os filhos são seus, então coloquem os nomes que quiserem. Se um filho eu fosse agora batizar, certamente que seria João, Antônio ou Paulo.
Eu tenho uma filha chamada Maria. E minha mãe também era Maria: Maria do Perpétuo.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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