*Rangel Alves da Costa
Que triste memória! Relembrar a chibata, o
açoite e o tronco, realmente faz reabrir as páginas de um livro doloroso,
sangrento e até vergonhoso. “Tu és negro, e negro deve ir ao tronco, deve
sofrer, deve apanhar, deve sangrar até se prostrar ao chão do seu senhor!”. E
então chegava o capataz, o terrível algoz, e depois de amarrar o ser humano ao
longo do tronco, logo descia a chibata desumana. O açoite, o ferrão, a vara
fina e cortante, tudo fazendo parte daquela inglória humana. “Negro fugidio é
bicho de mato que precisa ser apanhado e açoitado até saber respeitar o seu
dono”. Dizia o senhor enquanto ordenava a caça mataria adentro. Mas nada de
achar, nada de encontrar. Muitas vezes, apenas os restos mortos daquele que
preferia tirar a própria vida a se submeter ao tronco, à chibata e ao açoite.
Ainda hoje os troncos gemem a dor dos outros. E nas alturas das noites ainda se
ouve o grito perdido nas lonjuras de um tempo de dor. Mas que continua bem ali,
ainda ouvido, ainda ecoando na escravidão de agora.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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