*Rangel Alves da Costa
Não sinhô, num quero dinhero não. Vejo dizê
que dinhero é bom, é tudo, num deixa fartá nada. Mai eu, porpiamente ieu, num
vejo nada disso em dinhero não. Vejo sim, mai a disgraça, a inveja, a intriga,
a violença, a roubaiera. Só em sabê que o danado vive a espaiá tudo o que num
presta, entonce dele me afasto. Quem já viu dizê que o mió da pessoa, que é a
honra e o caráter, possa ser desfeito por quantidade de nota? Vivo na probeza,
vivo sem ter nada mais do tiquinho que tenho e preciso na sobrevivença, mai num
me troco pro nada não. Nada que uma nota possa comprar eu tenho pra vender,
munto meno a pessoa que sou. Mai juro que ninguém tomem tem mai riqueza que
ieu. Minha casinha de barro, meu carro-de-boi, meu perdiguerim, minha lua e meu
amanhecer, sei que num há igualia na terra. E num tem preço poder amanhecer e
adrumecer, inté mermo drumi cum a cabeça em riba da pedra, e num ter percupção
arguma. Isso num tem dinhero que compre, num tem dinhero que pague.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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