*Rangel Alves da Costa
Não, não é metamorfose da natureza, não é
normalidade de transformação no reino animal. Quando a lagarta se transforma em
borboleta, ou quando o casulo vai se abrindo para, num processo de mutação,
ganhar outras até se transformar num dos seres mais belas da natureza, também
está nos instigando a muita coisa: preconceito, discriminação, negação,
aceitação, verdade interior e exterior. Ora, que coisa mais feia, mais
asquerosa, mais nojenta é a lagarta. Ora, que coisa mais linda, mais colorida,
mais convidativa ao olhar é a borboleta. E por que não à lagarta? E por que sim
à borboleta? É que o ser humano é a negação de si mesmo. O ser humano é um
falso, um fingido, um reles mentiroso. Nega a lagarta por que ainda não é
borboleta. Olharia a borboleta com outro olhar se numa de suas asas ainda
restasse uma aparência do ser que lhe originou. Não adianta dizer que não. Nega
o feio por que é feio. Aceita o belo por que é belo. Assim também no tratamento
com outros humanos, pois nada mais somos, segundo nossas aparências, que
lagartas e borboletas.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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