*Rangel Alves da Costa
Tempos, tempos! Um jardim outonal sem flores.
Um jarro de plástico com pétalas empoeiradas. Uma moringa d’água na janela. A porta
aberta. O vento soprando. Mas eu não estou em casa. Espalho-me ao espanto das
horas! Oh sina a do pensamento, a da memória, da recordação. Caminhar pelos
arredores murchos, conversar com restos de tocos, afagar o umbro amigo da
pedra, procurar o velho banco amadeirado para sentar e nada mais encontrar.
Cupim dos tempos, poeira dos anos, pó da vida! Quem dera um canto de passarinho
ou ao menos uma folha seca voejando pelos espaços. Meu lenço molhado foi
deixado no varal. Molho minhas mãos com o que me resta de lágrimas e depois
resolvo sorrir. E sorrio muito. E sorrio mais. Mas os ocultos que me avistam
dizem que apenas choro. Não sei. Já não sei os limites do sorriso e da alegria.
Talvez eu esteja chorando mesmo. Não sei.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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