*Rangel Alves da Costa
No sertão tem de tudo, mas nem tudo é coisa
da gente. Não é da gente a música de baixar a bunda. Não é da gente a música
falando em putaria. Não é da gente o modismo destruidor. Não é da gente a
safadeza destruindo famílias. O que é da gente a gente sabe o que é. É da gente
a feira interiorana e sortida de tudo, de banana, farinha, araçá e
pé-de-moleque. Coisa da gente é o forró, é o triângulo, o zabumba, o pandeiro.
Coisa da gente é o cuscuz, a carne do sol, o ovo de galinha de capoeira, a
tripa de porco, o café batido em pilão, o doce de tacho e a cocada visguenta.
Coisa da gente é o pirão de mulher parida, é o sarapatel gordo, é a buchada
muita, é a carne no feijão, é o baião-de-dois, é a rabada, é a canjica, é o
mungunzá, é o arroz-doce, é a pamonha, é o bolo de feijão amassado na mão.
Coisa da gente é a lua grande, é o sol maior, é o mandacaru, é o xiquexique, é
o gado berrando e o cachorro perdigueiro. Coisa da gente é a enxada, é a foice,
é enxadeco, é o gibão, é a perneira, é o chapéu de couro, é o aboio e a toada.
Coisa da gente é isso. Aquilo não. Mas isso sim.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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