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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A POBREZA E A ESPERANÇA RENASCIDA (Crônica)

A POBREZA E A ESPERANÇA RENASCIDA

Rangel Alves da Costa*


Sou daqueles que acreditam na esperança; sou daqueles que acreditam na esperança em Deus; sou daqueles que acreditam que somente a extrema fé em Deus e seus ensinamentos será possível construir a esperança perante a realidade e a vida futura.
Nesse instante ainda, se pudesse subiria na mais alta montanha e de lá humildemente proclamaria que enfim chegou o momento onde a esperança e a fé em Deus invadem as mentes, os lábios, os lares, as feições e os corações de inúmeras pessoas, antes entristecidas pelas durezas da vida e padecentes pelas incúrias dos governantes.
Mas este povo que se enche de esperança não é outro senão essa gente humilde e pobre, muitas vezes vivendo na miséria absoluta, mas enfim soltando os gritos e fazendo os gestos de esperança que não se ouve nem se vê na classe tida como rica, poderosa, senhora de bens materiais, mas não da vida.
As pessoas com maiores dificuldades de sobrevivência, pobres mesmo na rudeza da palavra, são as que mais têm esperanças e com elas praticamente convivem em busca de dias melhores, de um amanhã menos cruel e doloroso.
Não há manhã sem a esperança de que tenha alguma coisa para comer naquele dia; não há dia para que o olhar não mire o horizonte na esperança que venha a chuva; não haverá mais tempo para tempo ruim, se as noites e os dias calejaram de ensinar que as lágrimas derramadas lavam as estradas para os dias melhores que virão. E tais dias só chegarão com a esperança.
A esperança desse povo de força gigantesca e inquebrantável não é alimentada logicamente pelo prato cheio, pela fartura ou pelo luxo de não se ter somente o lixo, mas somente por cinco palavras que são os alicerces de tudo: fé, oração, respeito, obediência e esperança.
Ora, sabendo que somente Deus tem a vida e dispõe sobre ela, esse povo humilde, maravilhoso e encantador, quase sempre renega as facilidades mundanas enganosas e prefere caminhar pelos caminhos difíceis do sofrimento porque mais adiante encontrará as respostas para a fé, a oração, o respeito, a obediência e a esperança. Todos sabem que Deus responde aos que sabem chamá-lo.
É por isso que nos barracos, favelas, nos rincões dos sertões, nas encostas das cidades, dentro dos caixotes de papelões com portas, em qualquer lugar onde residam estas pessoas, Deus estará muito mais presente, e com Ele sempre a esperança persistente e renascida qual Fênix dos desvalidos.
E nesses dias de festas de natal e ano novo, reencontros, confraternizações e compras e mais compras, as pessoas que são excluídas desses favores do capitalismo e da riqueza, ainda assim são aquelas que mais sabem doar e receber. As luzes que brilham lá fora já vivem acesas nos seus corações, pois a esperança que possuem é bem maior do que um laço enfeitado que se desfaz.
Enquanto para muitos esse tempo de festas não passa de datas com claros objetivos e o que se planeja no ano seguinte envolve sempre ter mais riqueza e poder, outras pessoas se contentam em fazer renascer cada vez mais forte a esperança em Deus, apenas e somente isso. E é demais, pois sabem que os presentes divinos não chegam embrulhados em papel bonito nem laço de seda.
Os presentes de Deus chegam oculta e silenciosamente, mas logo são reconhecidos e recebidos por aqueles corações que mostraram fé e esperança.



Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

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