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A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



domingo, 20 de novembro de 2011

ESTÓRIAS DOS QUATRO VENTOS: A JANELA

ESTÓRIAS DOS QUATRO VENTOS: A JANELA

                                     Rangel Alves da Costa*


Conto o que me contaram...
Minha avó contava uma história muito triste de um vento que toda noite dava um sopro tão triste diante de uma janela, que do lado de dentro se ouvia como se alguém tivesse batendo pelo lado de fora.
Ficava com medo, mas um dia perguntei por que era sempre assim e então ela me disse que aquilo passou a acontecer depois que a moça bela foi proibida de abrir a janela para não recolher mais a flor que todo entardecer um rapaz deixava por cima do umbral.
Ele passava, colocava a flor, depois dava um toque e ficava olhando na esquina quando ela vinha recolher e beijar a flor. Num dia que deixou ali um buquê, com o coração aflito percebeu que quem havia aberto a janela havia sido o pai da mocinha.
Homem malvado, ignorante ao extremo, disse à filha que durante uma semana ela estava proibida de abrir aquela janela. Com medo do pai, só voltou ao local quando soube que este estava ausente.
Esperou no quarto, sentada na cama, até que ouviu o toque. Correu para abrir, porém não encontrou nem a flor nem avistou o rapazinho querendo se esconder.
No dia seguinte a mesma coisa e sempre assim daí em diante. Apenas o toque e nada de flor nem do rapaz. Um dia soube que o rapazinho havia sumido misteriosamente do lugar. Chorou três tardes e três noites seguidas.
Mas quando chegava o entardecer, o vento soprava na janela e do lado de dentro ela ouvia o seu amado batendo. No lugar da flor só uma imensa saudade...



Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

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