Abandono
Uma tapera
ripado caindo
barro sumindo
janela despedaçada
porta deitada ao chão
ossos de cachorro morto
ventania soprando lá dentro
zunindo na boca do pote
sufocando o gargalo da moringa
o tamborete está cheio de tempo
a mesa velha repleta de solidão
as cinzas ainda estão espalhadas
pelo fogão de lenha e pelo chão
um pano velho passa voando
logo atrá vem uma folha seca
como é a porta da frente
eis o retrato da porta de trás
parecendo que há anos
nenhum pé de gente
passou por ali
para visitar a saudade
e partir.
Rangel Alves da Costa
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