Sertão de sangue
Coito, coiteiro e jagunço
moita, mataria e tocaia
punhal, facão e espingarda
silêncio, grito e sangue
e é melhor correr, se esconder
que os cabras vão logo aparecer...
aroeira, catingueira e umburana
estradas, caminhos e veredas
noites, dias, luas e sóis
cascavel, jibóia e jaracuçu
ainda não é quase nada e nada
do tudo que está vindo na estrada...
polícia, volante e macaco
mateiro, caçador e bandoleiro
rixa, honra e valentia
desfeita, maldade e covardia
feche a porta, deixe a janela fechada
que a poeira já sobe na encruzilhada...
cangaço, cangaceiro e bandido
embornal, mosquetão e fuzil
alforje, xiquexique e espinho
gruta, buraco e esconderijo
os cabras já saíram de lá
e já se ouve o medo assoviar...
pessoa, vítima e inocente
pobreza, fraqueza e sina
vontade, coragem e destemor
cangaceiro, bandoleiro e heroi
o tempo, a vida e o segundo
se algum tempo restar então
para dar boas vindas ao Capitão...
Jesuíno, Silvino e Corisco
Virgulino Ferreira, Lampião e Capitão
latifúndio, nordeste e chão
vindita, combate e perseguição
zunido, bala e ferido
alguém foi atingido no peito
dizem que acertaram o coração do sertão...
Angico, tocaia e tiro
Maria, bonita e triste
a vida, a morte, o fim
candeeiro, lampião, pavio apagado
o destino, a morte, o homem jogado
sertão de sangue, suor e rebeldia
história de tanta luta, aflição e agonia...
Rangel Alves da Costa
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