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domingo, 8 de abril de 2012

ESTÓRIAS DOS QUATRO VENTOS: LUA LINDA, LINDA LUA...

                                        
                                               Rangel Alves da Costa*



Conto o que me contaram...
Só depois de muitos anos pude confirmar o porquê de a lua ter tanta magia, ser tão arrebatadora, ser tão cativante e até enlouquecedora.
Precisamente nessa noite, a lua está infinitamente esplendorosa. Saí lá fora, olhei para os lados, caminhei um pouco, mas bastou olhar para o alto e uma cena inacreditável: a lua, a lua, a lua, grande demais, imensa, exuberante, cheia de vida e de cor, num chamado delirante.
Lua linda, linda lua, por que brilhas assim nessa noite de solidão? Vejo umas nuvens passeando ao redor, mas ainda assim reinas fulgurante, porém iluminado no meu olhar um dolorido álbum de fotografia, um mosaico de recordações. Mas que venha lua linda, linda lua...
Alguém que ia passando e me viu assim tão entregue a mirar o imenso clarão comentou que a mesma estava realmente encantadora. E intuitivamente, sem pensar duas vezes, rapidamente disse que muitas vezes já havia estado ali. Certamente a pessoa não compreendeu, me olhou desconfiado e seguiu adiante.
Mas eu não havia mentido. Dizia a verdade ao afirmar que muitas vezes já havia estado na lua. Ora, quantas luas na minha adolescência, quantos amores, quantos passeios pelas beiras dos rios, quantas caminhadas à beira da praia, quantas subidas à montanha para ficar mais perto de Deus. E da lua!...
O clarão imenso da lua, a lindeza da lua, a magia que a lua transmite essa viagem, esse viver, esse fascínio, esse sonhar, essa vontade imensa de estar cada vez mais perto dela, nada disso é novo na minha vida, nada disso é mais novidade em meu viver.
No céu de muitas bocas mordi e bebi muitas luas; mirando os olhos negros, esverdeados, azuis, imensos e tão cheios de luz, me fiz na lua andante e nela passeei; a lua no rosto, a lua no corpo, a lua no desejo, a lua no sexo, a lua faminta, a lua de mel, a lua dividida em dois e ainda tão completa como era o amor.
Oh, lua, oh, lua, por que vieste agora assim tão bela, com sua imensidão e sua cor, a me chamar para o meio do tempo e lá, de olhos marejados, de braços abertos, dizer da saudade de outras luas, de tantas luas, de tantos amores? E gritar ainda te amo. Mas quem, a linda lua ou o lindo amor que vive no álbum, no mosaico da lua?
Amo a lua, a linda lua. E ela que tão linda está sob a lua...  



Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
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