No meu sertão
Nunca mais juriti
nunca mais bem-te-vi
nunca mais passarinho
tudo silêncio no ninho
nenhum rastro na estrada
foi sumindo a revoada
a pedra que conversava
procurei e não estava
tanta mudez na mata
do grunhido tanta falta
farfalhar esmorecido
no arvoredo entristecido
nenhum som da natureza
riacho sem correnteza
um sertão tão diferente
que amedronta a gente
tudo parece sumido
nem se ouve mais latido
uma viola já sem voz
uma tristeza tão atroz
que ninguém sabe mais
se ainda existe ou se jaz
e tudo porque a estiagem
veio pedindo passagem
e desde então que a vida
fez a mala da partida
e diz que só vai ficar
se até amanhã trovejar
e só me resta uma vela
acesa perto da janela
para o vento logo apagar
porque a chuva vai chegar.
Rangel Alves da Costa
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