Palavras que bastam
Rasguei meus discursos
os versos shakespearianos
os verbetes amorosos
a lírica de todo mundo
me desfiz do bardo elã
porque não preciso mais
declamar o que sinto
nos pedestais olimpos
nem nas brumas medievais
porque o que tenho a dizer
não passa de grão do grão
mas ouvido e tão aceito
pela sabedoria do coração
não, não direi excelsa flor
não, não direi oh! deusa
apenas te amo
não cantarei a doce musa
senão a mulher humana
não irei com mil floreios
se tenho calo na mão
veia humana no coração
se conheço o espinho
e minha boca de lábio
só sabe e só quer
dizer te amo...
Rangel Alves da Costa
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