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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

PAIXÃO E REALIDADE (A POLÍTICA COM O DOM DE ENLOUQUECER)


                                   Rangel Alves da Costa*


Depois de algumas constatações, serei forçado a aceitar que a paixão realmente tem o poder de cegar, de distorcer a realidade, de transformar o óbvio em algo totalmente diferenciado.
Partirei de um exemplo político para demonstrar o quanto o fanatismo, o comprometimento exacerbado, a idolatria descomunal, a doentia afeição, e tudo que se resuma em paixão, pode transformar pessoas aparentemente normais em verdadeiros idiotas, insanos, totalmente fora da realidade.
Vamos ao exemplo: A juíza da comarca de Nossa Senhora da Conceição de Poço Redondo, diante da constatação irrefutável de um estado de miséria absoluta no município, a partir de dados fornecidos pelo próprio prefeito, decidiu proibir a realização de festa com a presença de bandas contratadas a custo altíssimo.
Não demorou muito e o próprio prefeito providenciou carro de som para comunicar a população acerca da proibição imposta pela magistrada local. Contudo, por mais que os realistas conhecessem os motivos da decisão e o prefeito reconhecesse tal fato, ainda assim a verdadeira realidade dos acontecimentos já havia sido completamente distorcida pelos fanáticos e apaixonados eleitores do prefeito.
Negaram-se e continuam negando a realidade, desconhecendo totalmente a verdade, criando situações até mesmo inadmissíveis para dar outra feição ao que o seu próprio candidato conhece em profundidade. Não seria errôneo afirmar que, à moda dos loucos, passaram a viver de alucinações, de fatos inexistentes, de verdadeiros transtornos.
E isto porque não afirmam outra coisa a não ser que foi a oposição que lutou para a festa ser proibida, que foi o partido “a” ou partido “b” que mandou proibir a festa, que o povo ficou sem o evento festivo por culpa exclusiva da oposição política. E o pior: esquecem de citar, e em nenhum momento citam, que quem proibiu a festa, e por motivo justo, foi a excelentíssima senhora doutora juíza de direito da comarca de Poço Redondo.
Esquecem de dizer que, após a interposição de recurso tentando garantir a realização do evento, quem passou a proibir foi o órgão maior da justiça estadual, o tribunal de justiça do estado, através de um de seus desembargadores. Mas não, continuam insistindo, afirmando, teimando, repetindo, enlouquecendo, dizendo que a proibição foi motivada pela oposição.
Logicamente que fatos assim, totalmente desnaturados, irracionais, não poderiam partir de pessoas conscientes, normais, dentro das plenas faculdades mentais. Mas sim de pessoas politicamente apaixonadas, fanáticas, que tentando acompanhar o cordão das esperanças empregatícias vão perdendo até o controle de sua honra íntima, pessoal. Isto sem falar no cordão dos bajuladores, nefastas espécies que se proliferam assustadoramente em épocas de eleições.
E o mais grave é que vão acabar enlouquecendo mesmo, de vez, de ser preciso camisa-de-força, assim que souberem o resultado das eleições de outubro. E tudo seria diferente com uma coisa bem simples: não inventar nada diante da realidade que não pode ser desmentida.



Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

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