TEORIA DO SEXO ENQUANTO CAOS COISIFICADO
Rangel Alves da Costa*
De autoria de um pensador sergipano, cujo nome me foge agora à memória, porém podendo ter sido formulada por qualquer pessoa do povo com visão um pouco mais apurada sobre os fatos e as consequencias das ações humanas pela vida, tal teoria, pretensamente denominada Teoria do Sexo Enquanto Caos Coisificado, baseia-se no seguinte enunciado:
"Considerando-se que o caos é o existente sem significação diante da possibilidade de significar tudo, e a coisificação é a transformação da essência do existente em nada, tem-se então que o sexo possui uma variável que se tornou caos porque qualquer coisa e uma coisificação porque coisa transformada em nada".
Em palavras menos acadêmicas e mais acessíveis, essa teoria de difícil entendimento para muitos - principalmente os mais jovens que fazem do sexo e dos apelos sexuais uma prática impensada e irresponsável de vida – pretende transmitir uma lição objetiva e clara: o sexo possui uma variável significando que o mesmo é o tudo que foi desorganizado, está em desordem, bagunçado, e por se encontrar assim é qualquer coisa, algo como cuspir, tocar numa parede, jogar uma pedra, olhar para um objeto qualquer.
E que variável é essa que fala a teoria? Como se sabe, variável é aquilo que serve para representar modos de ser diferentes num mesmo objeto ou coisa. Com relação ao sexo, a variável seria o modo como cada indivíduo quer vê-lo representado perante o outro. Por exemplo, o sexo enquanto relação é um fato, enquanto as formas de se relacionar sexualmente seriam as suas variáveis.
Esclarecendo bem: a virgindade é uma variável da opção sexual; a castidade é variável da escolha sexual; o sexo antes do casamento é variável da aptidão sexual; o homossexualismo é uma variável da escolha sexual; a relação sexual oral, vaginal ou anal é uma variação do pudor sexual; o sexo sem ser com pessoas é variável da anomalia sexual; o sexo sem o consentimento do outro é uma variável da aberração sexual; o sexo fácil é uma variável da desvalorização sexual; a traição sexual é uma variável da tentação sexual; o transar por transar é uma variável da promiscuidade sexual; e a prostituição, dentre muitas outras.
A prostituição é variável que merece mais manejo explicativo, até mesmo porque sua prática está sempre se transformando para atender às feições das exigências sexuais da sociedade presente. Contudo, há que se dizer que ela é uma variável que comporta outras variáveis: banalização e comercialização do corpo, opção pela devassidão, sonhos de inserção no mundo multibilionário da pornografia e das máfias sexuais, meio social propício, síndrome da pedra do cais: acha que nunca vai ser afetada pela água que lhe toca uma, duas, três, quatro, cinco vezes. E de repente pedra destruída.
No contexto em que se embasa a Teoria do Sexo Enquanto Caos Coisificado, o que importa mesmo são apenas algumas das variáveis citadas: a banalização, o sexo fácil e a prostituição. E isto porque a partir dessas três variáveis é possível analisar os comportamentos sexuais das pessoas e as suas mudanças ao longo dos tempos.
Tem-se, por exemplo, que o estágio alcançado pelo sexo nada mais é do que o reflexo de como as pessoas passaram a encará-lo e senti-lo: uma coisa qualquer que está em tudo e em todo lugar: nas novelas e filmes da televisão, nos filhos que pensam que são virgens, na propaganda e publicidade, nos shoppings, nos anúncios dos jornais, nas esquinas e em meio às famílias ditas mais conservadoras, nos corpos que passam e nas roupas que vestem. Assim, o sexo pelo sexo tomou conta de tudo e, tal qual a lei da oferta e da procura, o aumento absurdo na demanda foi baixando cada vez mais o preço até não ter valor nenhum, a não ser absoluta nada, coisa sem significado algum.
Há um fato importante nessa Teoria: ela não trata em nenhum momento sobre o amor na prática sexual. E evidentemente porque não teria nenhum cabimento se falar em sexo com amor na maioria das relações dos dias atuais.
Advogado e poeta
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
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