*Rangel Alves da Costa
Não sou nada além que um sonhador, passarinho avoador, contador de histórias do que passou. Minha sabedoria é de barro, da lama do tanque, do visgo da terra, como moringa e pote que Dona Benvinda moldou. Pele de croatá, cabelos de raspa de umburana, buscando ninho como faz Fogo-Pagô. Nas mãos o couro forjado por Brasilino, no vestir o que Zé de Bela costurou, no coração um sino de igreja que Seu Galego Ferreiro inventou, benzido e protegido no ramo que Dona Zefa passou. Avoante Quero-Quero, Tem-Tem que desencantou, passaredo passarinho que do sertão não arribou. Assim que sou, como sou. Um filho da terra crua, debaixo do sol e da lua, como Dona Peta gestou e Seu Alcino ensinou...
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