*Rangel Alves da Costa
Ao longe e por todo lugar, como em revoada,
as avoantes despontam altaneiras, tão belas quanto o senhor, meu pai, tanto
gostava de descrever em versos, em prosas, em composições musicais.
Sim, Seu Alcino, as andorinhas voltaram...
As andorinhas voltaram aos céus do seu sertão
amado, nos horizontes do seu tão sagrado chão. Aves que agora se fazem
presentes não somente no bater de asas, mas principalmente noutros voos que
certamente muito alegraria seu coração.
Sim, meu pai, as andorinhas voltaram...
Como é bom rever as andorinhas voando, em
arribação, em revoada, para depois pousar nas galhagens da história do seu
sertão. Não apenas em catingueiras, em craibeiras, em baraúnas, mas nas
ribeiras dos rios, nas ruas da cidade, na boca do povo e por todos os sertões
adentro.
Sim, Seu Alcino, as andorinhas voltaram...
Sei o quanto gostava não só de andorinhas
como de garças brancas. A beleza das andorinhas, com sua elegância e agilidade
no voo, certamente significava um olhar do alto para a sua terra. E as garças
brancas, igualmente majestosas, como se fossem lenços brancos de amor e paz.
Mas agora significando muito mais.
Sim, meu pai, as andorinhas voltaram...
Veja Seu Alcino, quanta andorinha em voo
agora sobre seu sertão! Os céus de Poço Redondo parecem tomados de andorinhas e
todas trazendo no bico aquilo que mais lhe encantava: a cultura, a história, a
saga sertaneja, as lides matutas, o ser e o viver de um povo. A saga
lampiônica!
Sim, Seu Alcino, as andorinhas voltaram...
Quando se imaginou que com sua partida o
sertão e seu Poço Redondo ficariam órfãos de sua sabedoria e suas lições, eis
que as andorinhas chegam em bandos para tudo reviver, para tudo fazer renascer.
Andorinhas no voo de pessoas que reencontram seu Poço Redondo para a mais justa
das homenagens.
Sim, meu pai, as andorinhas voltaram...
Andorinhas que chegam e trazem a esperança de
tornar Poço Redondo, enfim, num imensurável cenário de valorização histórica,
cultural e geográfica. Andorinhas que voarão sobre o Angico, sobre a Maranduba,
sobre as ribeiras do Velho Chico, sobre a Estrada de Curralinho, sobre os
alicerces mais antigos e de infinitas riquezas.
Sim, Seu Alcino, as andorinhas voltaram...
E são andorinhas que abnegadas chegam para
cultuar sua memória, para abraçar o seu chão, para sentir saudade e prazer no
solo sagrado de Alcino. E aves arribando de todo lugar, de todos os recantos
nordestinos, para então pousar no mais alto da árvore que tem seu nome:
eternidade!
Sim, meu pai, as andorinhas voltaram...
Aves saídas de um ninho formidável,
portentoso, grandioso demais para ser descrito, chamado Cariri Cangaço. E
avoantes com nomes tão conhecidos ao seu coração: Manoel Severo, Paulo Gastão, Juliana,
Ivanildo Silveira, Professor Pereira, Aderbal Nogueira, Kydelmir, Archimedes,
Elane, João de Sousa Lima e tantos outros.
Sim, Seu Alcino, as andorinhas voltaram...
Junto à cumeeira do sertão pousarão velhos e
saudosos amigos, deitarão suas asas aqueles que no passado ouviram suas lições
e no presente cultivam seus ensinamentos. Todos estarão aqui no próximo mês de
junho. E todos feito andorinhas pelos caminhos, caatingas e ribeiras do seu
sertão.
Por isso, Seu Alcino, as andorinhas voltaram.
Em teu nome, como um céu sertanejo, as andorinhas voltaram!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com