*Rangel Alves da Costa
Carnaval, festa da carne, como
costumeiramente se diz. E assim pelos prazeres carnais que afloram em meio à
folia. Mas nada mais de espantar ante os festins carnais que rotineiramente existem
por todos os lugares, sob quaisquer situações, pretextos e intencionalidades. A
carne se transformou em festa, em comércio, em desavergonhada benevolência, em
uso desmedido perante os instintos mais libertinos e obscenos. E qual seria a
intencionalidade, então, de banalizar ainda mais o corpo, o sexo e o prazer, no
período carnavalesco? Creio que a simples demonstração daquilo que já é
instintivamente no dia a dia. Ora, ninguém se transforma tanto a pretexto de
uma festa, ninguém se deprava tanto pela desculpa de um carnaval, ninguém se
corrompe tanto pelo ritmo de uma marchinha ou de um samba, de um frevo ou de um
axé. Tudo é por que assim já era. O carnaval não provoca cegueira em ninguém. O
carnaval não faz ninguém perder o juízo nem a vergonha. O carnaval não força ninguém
baixar a calcinha ou praticar sexo em qualquer lugar. O carnaval não manda
beijar na boca de qualquer um. Agir pela desculpa do vale tudo também é um nada
dizer. Não há o que justifique a promiscuidade, a sem-vergonhice, a verdadeira
prostituição, pelo fato da bebida, do extravasamento dos sentidos, do
afloramento dos desejos. Contrariando o que se diz, no carnaval não vale tudo
não. Só vale para quem já não vale nada. Certamente que há gente que deixa os
filhos trancados em casa e vai para a curtição carnavalesca, para onde exista
bebida, paqueras, encontros e tudo o mais. É o carnaval que manda agir assim,
na falta de vergonha e na safadeza? Lógico que não. Na verdade, o carnaval é
até sagrado perante o instinto libertino e desavergonhado daqueles que se
fingem de foliões. O pecado da carne não está no carnaval, mas na própria
pessoa. E não é folião ou foliã
quem age assim. Há nomes mais apropriados para tais condutas.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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