SAIA DO SOL E DA CHUVA, ENTRE...

A morada é simples, é sertaneja, mas tem alimento para o espírito, amizade e afeto.



terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Palavra Solta – noites sem sol



*Rangel Alves da Costa


Depois de muitos anos, somente de uns dias pra cá é que passei a ter noites sem sol. Antes era muito diferente, muito contrastante com as noites sem sol que tenho agora. “Oh cálido poente que nunca escurece o ensolarado dia do iluminado amor. Oh silencioso poente que mesmo abrasado nunca se deixou em cinzas nem apagado pelo amor vivido...”. Como era bom viver o dia e anoitecer como se debaixo do clarão estivesse. Tudo à minha frente, na nitidez do inquieto e exigente olhar. “Oh tua face que me chegava em luz debaixo da escuridão da noite e de repente tudo se iluminava como seu estrelado olhar. Oh minha amada que consigo trazia toda a chama da vida e todo o luzir do amor no seu passo noturno em minha direção...”. Noites assim, noites que chegavam e passavam como noites luzidias, clarificantes, brilhosas. Noites de amor, noites de desejos e de querer. E agora, o que tenho agora senão a noite anoitecida e tão retinta em negrume? Meu pensamento já não acende a luz. A lua já não traz sua luz. Apenas a noite. Sem sol. Sem o teu sol.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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