*Rangel Alves da Costa
Mesmo sendo um problema criado pela própria
ausência e ineficiência estatal no combate à criminalidade e no surgimento de
estados paralelos do tráfico. Mesmo sendo uma ação de um governo federal
desacreditado, corrupto e perseguidor das classes sociais mais empobrecidas.
Mesmo sendo uma medida estrategicamente pouco pensada ante a sua magnitude e
objetivos. Mesmo por tudo isso e mais, a intervenção das forças militares na
segurança pública do Rio de Janeiro se mostra como atitude única e imediata.
Ora, o próprio governo estadual reconheceu sua falência no enfrentamento e
combate ao crime organizado, e não se pode permitir que a criminalidade,
através de líderes de facções e comandos, simplesmente passe a ditar as regras
de convívio, insegurança e medo, de uma sociedade já sofrida demais. Do jeito
que tudo estava, o estado inteiro passaria a ser governado pelo tráfico. A
capital fluminense já estava dividida em áreas de atuação exclusiva dos grupos
criminosos, onde nem a segurança pública nem os serviços públicos poderiam
entrar. Cada setor com o seu próprio governo do crime, cada favela com o seu
poderoso, cada comunidade com o seu absurdo reinado. Regiões geográficas inteiras
vivendo na autonomia do absurdo. E locais que onde sequer a polícia pode
entrar, que se imagine a situação de convívio da população. Mas depois do
anúncio da intervenção, logo os discursos do deixar assim mesmo, logo os ecos
vorazes pela permissão que tudo prossiga. Certamente não conhecem a realidade,
nunca tentaram entrar naquelas comunidades nem viveram diuturnamente sob a
ameaça e o medo, ante a bala zunindo e o sangue jorrando. Desculpas políticas
apenas, pois a sensatez deixa induvidosa tal questão: ou se faz agora ou tudo
estará perdido para sempre.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário