*Rangel Alves da Costa
O prato do dia depende sempre do poder
aquisitivo da pessoa ou da família. Há muita gente que todo dia pode escolher
um prato diferente e por preço variado, considerando ainda que muitos se fartam
em restaurantes chiques, famosos e caros. Outros comem quentinhas, comidas
caseiras, prato feito ou de botequim. Nestes, a diferença que há é a quantidade,
o sabor e a fome. Rico parece que não tem fome, eis a verdade, pois paga uma
dinheirama danada para ter diante de si um prato só com enfeites. Já o de
classe média ou baixa, alimenta-se com a verdadeira vontade de comer e, por
isso mesmo, sempre deseja prato cheio, volumoso, farto. E come com vontade, com
fome mesmo. Mas há ainda um grupo de pessoas - e este certamente muito mais
vasto do que se imagina - que possui a fome de comer de verdade, mas falta-lhe
o prato. E muitas vezes de qualquer coisa. Pessoas que amanhecem e anoitecem
quase sem se alimentar, ou, quando muito, tendo de escolher apenas uma entre as
três refeições do dia. Contudo, o mais espantoso é que muitos nada têm durante
o dia. Nem ele, nem a esposa e nem os filhos. Panelas vazias, fogo apagado, a
triste, a lágrima, o choro. Este é prato dia, engolido na dor e no sofrimento.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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