*Rangel Alves da Costa
Já era entardecer quando cheguei à passagem
molhada do Riacho Jacaré. Ali pertinho, a um passo do centro da cidade, entre a
beirada da pista e a porta de entrada para o Alto de João Paulo. Não poderia
deixar de fazer uma visitinha. Aliás, nem poderia ser diferente, pois desde o
sábado pela manhã que pessoas perguntavam se eu já havia ido lá. Sabem que sou
amante da natureza, sabem que tenho verdadeira adoração pelo rio que passa pela
minha aldeia, também sabiam que certamente eu gostaria de fotografar aquelas
águas chegadas com as chuvas nas cabeceiras. As pessoas me conhecem, graças a
Deus. Botei chinelo no pé e segui até lá. Logo avistei uma meninada espalhando
alegria por cima da passagem molhada (e molhada mesmo, pois as águas passando
por cima). Mas não estavam só brincando, mas muito mais em pescaria. Afoitos
com a minha chegada, logo começaram a mostrar os peixinhos pescados com a mão
mesmo. Eles se acocoravam no beiral da passagem, sentiam os peixinhos logo
abaixo e então lançavam as mãos na rapidez que só criança sabe fazer. Uma cena
muito parecida com as descritas por Jorge Amado e seus meninos de rua se
banhando no cais. Mas aqueles meninos, tão alegres e tão cheios de vida, eram
apenas uns contentes com as águas de seu e rio que, quando cheio ou escorrendo
vida, passa beirando os seus quintais. E fiquei ali ao lado deles, assim como
se fosse um menino também. E sou!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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