*Rangel Alves da Costa
A pressa, o passo, o tempo. Quero sempre
deixar para depois, mas tenho de fazer agora, já, na urgência do instante. A
vida ensina que não se deve deixar para depois o que é necessário ser feito
naquele momento. A canção ensina que quem sabe faz a hora, não esperar
acontecer. “Vem, vamos embora, que
esperar não é saber, quem sabe faz a hora não espera acontecer...”, assim o
hino de Vandré. E também o meu hino. Nunca espero que recolham primeiro a fruta
no quintal. Não coloco a vasilha na biqueira depois de a chuva já se faz em
força. Não levanto somente depois que o galo cantar. Não abro a janela somente
depois que o sol já estiver brilhoso. Não coloco panela no fogo depois que a
fome chegar. Não digo que amo somente depois de ouvir a mesma declaração. Não
saio pela estrada somente quando souber que as curvas e os labirintos não existem
mais. Nenhum poema já nasce feito, com cada brilho em cada estrofe. Nenhuma
canção surge na voz ao acaso. Sonho somente depois de adormecer. Já não tenho
ilusões ou quimeras na vida. Meu realismo fantástico é a crueza do real. Senta
à pedra e sei que ela queima. Piso em espinhos e sei que eles ferem. Avisto o
jardim com a certeza do enternecimento. Tudo na sua hora, agora. Jamais deixar
pra depois.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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