*Rangel Alves da Costa
Em Curralinho, povoação à margens do Velho
Chico no município de Poço Redondo, sertão sergipano, ontem e hoje são dias de
festa grande. As comemorações carnavalescas são geralmente realizadas por lá. Um
povo animado, feliz, contente, com espíritos e almas inteiramente entregues à
folia. Em meio à curtição, certamente ninguém teve tempo de olhar para o outro
lado do rio, para a margem ao longe depois das águas, num lugarzinho chamado
Pontaleão. É uma propriedade ribeirinha, na paz e sossego tão invejáveis nos
dias de hoje. Um lugarzinho de silêncio e candura, de uma solidão tão
necessária ao pensamento e à reflexão. Uma casa maior, outra maior, circundada
por serras e montes, envolta em arvoredos e árvores frutíferas. Ao longe,
sempre parece um lugar esquecido no meio do mundo e moradia somente do silêncio
e da solidão. Um mundo tão belo quanto vazio de humanos, uma paisagem tão
convidativa quanto melancólica. Ao menos assim parece ser. Mas eu estava lá. Na
outra margem festiva, tudo diferente do que havia por lá. Todos brincavam,
pulavam, bebiam, dançavam, entregavam-se ao nada. E ninguém sequer olhava para
a paz, o silêncio, o sossego do outro lado. Mas eu estava lá. Nenhuma festa é
mais importante que a minha paz interior. Por isso eu estava lá.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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