*Rangel Alves da Costa
Eis que encontro um livro aberto. Não era
para estar assim, pois livro aberto e sem ninguém que o leia ou proteja, é como
uma porta aberta. Mas o livro estava aberto. Por isso mesmo que depois muita
gente, muitas situações e paisagens e não encontrei. Os enredos estavam
desfeitos, as tramas sumidas, os imaginários dispersos, as realidades fictícias
sem razão de ser. Ora, tudo havia saído, sumido, ido embora. Procurei os
coronéis do cacau de Jorge Amado e não os encontrei. Nem Badaró, Melk ou
qualquer outro. De Cem Anos de Solidão não restou um só Buendía. Nada de Úrsula
Amaranto, nada da bela Remédios, nada de nada. Até o pequeno Zezé, aquele
menininho de Meu Pé de Laranja Lima, havia sumido. Procurei Sargento Getúlio e
não encontrei sequer o rastro. Capitu, onde andará Capitu? Nem Gabriela, nem
sua flor nem sua canela. Procurei um apanhador no campo do centeio, mas avistei
o lugar mais limpo. Também assim com Rhett Butler e Scarlet O’Hara. Será que o
vento levou? Não sei. Não sei. Só sei que não se deve deixar um livro aberto.
Livro tem de ser lido, adorado, acarinhado, bem guardado.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário