NO SERTÃO
No sertão, nas veias corre suor; a pele ressequida lembra massapé rachado depois que o sol bate; a boca não fala bonito, não diz meu amor, não mais reclama; as mãos ficam em dúvida se acenam um adeus ou oram a Deus; o corpo de cada um é pé de cacto, xique-xique, mandacaru; os olhos, estes já não existem, se não há o que olhar; as lágrimas, há que saber se ainda podem molhar. Tudo secou, murchou, morreu, menos o próprio sertão, que ainda insiste em só querer morrer amanhã.
Rangel Alves da Costa
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