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terça-feira, 16 de maio de 2017

Palavra Solta - o aviadado Rosa-Flor


*Rangel Alves da Costa


Nas terras interioranas ainda se utiliza muito do termo “aviadado” para expressar a homossexualidade masculina. Pelas praças, nas calçadas e nos pés de balcão, de vez em quando se ouve que “fulano de tal é aviadado”, que “sicrano tem um caminhado aviadado”, que “beltrano aviadou de vez”. Mas quem não gostou muito foi o eternamente assumido Rosa-Flor, talvez o gay mais declaradamente mulher do mundo. Toda vez que pressente estar sendo chamado de aviadado, dá meia volta num saltinho, roda a bolsinha, dá um ligeiro requebrado com as mãos na cintura e diz: “Tudo. Pode me chamar de tudo. Pode me chamar de boiola, de viado, de baitola, de xibungo, de afeminado, de mulherzinha, de qualquer coisa, pois assumo o que sou, mas nunca de aviadado. Essa coisa de aviadado é pra que não aviadou de vez, é pra quem se esconde usando calcinha, mas eu não. Eu sou mulher, sim senhor, fêmea absoluta, gostosa, apetitosa, uma gardênia perfumada. Aviadado nunca. E dá próxima vez que me chamar assim vou dizer quem de sua família é aviadado e você finge que não sabe”. Ao ouvir isso, certa feita um metido a valente retrucou: “Pois entonce tenha coragem e diga quem na minha famia aviadou, diga...”. Então Rosa-Flor disparou: “Você, seu boiolão. E quer que eu diga agora mesmo o nome de seu bofe?”. O valentão acovardou, amarelou, estremeceu, acabou saindo de fininho. E com um caminhado meio esquisito mesmo.


Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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