*Rangel Alves da Costa
Aos poucos vou confirmando a certeza contida
nos versos de Guilherme Arantes, na música “Meu mundo e nada mais”: “Eu queria
tanto estar no escuro do meu quarto à meia-noite, à meia luz, sonhando! Daria
tudo por meu mundo e nada mais...”. Verdade, verdades. O cansaço do mundo nos
traz a vontade do recolhimento, a desordem social nos traz o desejo de
afastamento total. O que interessa, o que traz alegria, o que vale a pena em
meio ao caos social, a baderna política, a tirania governamental, ao tanto faz
de um povo que não se respeita e nem respeita os demais? Um mundo de
irresponsáveis, de fanatizados dos genocídios, de ensandecidos que se presumem
pessoas normais. Não adianta querer viver meio a lobos famintos. Não adianta
querer ter paz perante uma mala de carro aberta com música pornográfica na
maior altura. Não adianta querer ser bom ou cordial perante feras humanas. Bom
mesmo seria a clausura de um mosteiro, o silêncio - ainda que mofado - de uma
biblioteca medieval, a paz na altura mais alta de uma montanha. Mas impossível
de ser assim. O que resta a fazer é buscar, de qualquer forma, um modo de
reencontrar-me comigo mesmo após a porta fechada. Ou, como diz a música, eu
queria tanto estar no escuro do meu quarto à meia-noite, à meia luz, sonhando!
Daria tudo por meu mundo e nada mais...
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